Mídia

01.03.2018
Corte no dedo: O que fazer?

Matéria publicada por Portal Estadão SP . 19/07/2017

Os ferimentos corto-contusos (FCC) nos dedos são um dos principais acidentes domésticos do dia-a-dia. Os cortes ocorrem nas mais variadas situações envolvendo facas, copos e louças quebradas.

Essas feridas costumam sangrar muito no momento do acidente, pois as mãos e os dedos são regiões muito vascularizadas. O recomendável, logo após o acidente, é lavar a ferida com água corrente e estancar o sangramento com um pano limpo pressionando a ferida. Deve-se evitar compressão circular excessiva devido ao risco de comprometer a circulação do dedo. Após essas medidas iniciais, o ideal é que o paciente procure um pronto-socorro de ortopedia para uma avaliação mais detalhada.

 

TODO CORTE É IGUAL? É GRAVE?

Nem todos os cortes são iguais. Depende muito da profundidade do corte e da localização.

O FCC ou corte pode comprometer somente a pele e o subcutâneo e nesta situação de menor gravidade, a limpeza cirúrgica sob anestesia local e a sutura de pele resolvem o problema.

Quando há perda de movimento do dedo após o corte, deve-se suspeitar de uma lesão tendínea. Se houver perda da capacidade de flexionar ou “dobrar”o dedo, o tendão flexor foi comprometido e o corte se localiza na face palmar do dedo.

Se houver perda da capacidade de extender ou “esticar”o dedo, o tendão extensor foi comprometido e o corte se localiza na face dorsal do dedo.

Um outro aspecto de fundamental importância é a avaliação da sensibilidade do dedo. Os nervos digitais dos dedos são frequentemente acometidos nos cortes de dedos e o sintoma típico é dormência numa das bordas dos dedos, associado a sensação de choques na região do corte. Cada dedo é suprido por 2 nervos digitais que são responsáveis pela sensibilidade das bordas radial e ulnar do dedo. Se o nervo digital radial for lesado, a borda radial do dedo ficará dormente. Se o nervo digital ulnar for lesado, a borda ulnar do dedo ficará dormente. Em cortes mais extensos, os 2 nervos podem ser lesados em conjunto com os tendões flexores.

Em suma, a gravidade do corte depende mais da profundidade e da localização do que o tamanho do corte em si. Cortes extensos de 2 a 3 cm podem ser superficiais e não comprometer nenhuma estrutura considerada mais nobre, enquanto que cortes puntiformes e profundos podem comprometer tendões e nervos importantes.

 

O QUE FAZER EM CASOS DE LESÃO DE TENDÃO OU NERVO? É URGENTE?

Na vigência de uma lesão de tendão ou nervo, o paciente deve ser encaminhado com urgência a um cirurgião de mão para avaliação e tratamento adequado das lesões. Se houver uma boa infra-estrutura hospitalar no pronto-socorro e equipe de retaguarda disponível de cirurgia da mão, o paciente pode ser operado na urgência. Caso contrário, o melhor é lavar, suturar a ferida e imobilizar. O paciente deverá ser encaminhado dentro de 1 semana para agendamento da cirurgia definitiva: tenorrafia e microneurorrafia.

Um atraso demasiadamente prolongado (maior que 3 a 4 semanas) na avaliação e na cirurgia, pode comprometer o resultado final da movimentação e sensibilidade do dedo.

Um tendão flexor lesado tende a encurtar e entrar em contratura miostática. Além disso, o sistema de túneis ou polias pode estreitar e impedir a passagem do coto de tendão inchado.

Um nervo digital lesado também retraí e as bordas dos cotos lesados degeneram, criando um defeito de nervo muito grande para ser reparado de maneira direta. Nessa situação, a neurorrafia direta fica inviabilizada e um enxerto de nervo deve ser interposto para possibilitar a reparação do nervo. A utilização de um enxerto de nervo de interposição significa uma incisão cirúrgica a mais no paciente, além de provocar uma área de dormência numa outra parte do corpo onde a sensibilidade é menos importante que a sensibilidade do dedo lesado. Funcionaria como uma troca vantajosa para o paciente. Por esta razão, é preferível o reparo direto do nervo lesado sempre que possível.

 

COMO É O PÓS-OPERATÓRIO? PRECISA FICAR IMOBILIZADO?

No período pós-operatório, o paciente permanece com a mão e os dedos imobilizados por uma tala ou órtese, por um período que varia de 2 a 6 semanas de acordo com a gravidade da lesão e as estruturas acometidas. Também é fundamental o início precoce da terapia ocupacional para reabilitação adequada do dedo comprometido.

#MinutodaSaúdeHC – Corte nos dedos

Acidentes domésticos envolvendo cortes nos dedos são muito comuns. Neste #MinutodaSaúdeHC, o Dr. Alvaro Cho, especialista em cirurgia da mão do Instituto de Ortopedia e Traumatologia, explica as características do corte que indicam uma lesão mais grave.

Jovem atropelado por motorista alcoolizado na Rua Augusta deve ficar com sequelas, diz médico

Matéria publicada por Portal G1 SP, São Paulo . 31/07/2017

Gabriel Souza, de 25 anos, e outros quatro colegas foram atingidos por um carro na região central de SP. Ele passou por cirurgia para reconstruir um dos braços.

Jovem Gabriel Leite Souza, de 25 anos, deve ficar com sequelas depois de ter sido atropelado junto com outros quatro amigos por um motorista embriagado na Rua Augusta, região central de São Paulo, no último sábado (29). Ele corre risco de perder um dos braços e passou por uma cirurgia de emergência no Hospital das Clínicas para reconstruir o membro.

De acordo com médico Álvaro Baik Cho, a operação realizada foi um sucesso. “Eu diria que as chances são boas de preservar o antebraço, o punho e a mão dele”, disse. Segundo o especialista, no entanto, a movimentação do braço atingido deve ficar limitada. “É muito pouco provável que ele tenha função plenamente normal”, ressaltou.

Gabriel passou pela cirurgia de reimplante no próprio sábado, pouco depois do atropelamento. A operação durou cerca de 10 horas e não será a única. Ele passará por uma nova intervenção nesta segunda-feira (31). Conforme contou a mãe, Vitalina de Souza, o jovem está consciente, mas introvertido, evitando conversar até mesmo com familiares.

Além de Gabriel, Aline Santos Ferro, de 24 anos, outra vítima do acidente, segue internada no Hospital das Clínicas. Ela também teve de passar por uma cirurgia, na cabeça, por conta de um traumatismo craniano. O estado de saúde da jovem é considerável estável, mas ainda não há informações sobre data para alta médica.


Carro atropeloau 5 pessoas na Augusta (Foto: Reprodução/TV Globo)

O motorista Paulo Cesar Negri, de 23 anos, que atropelou Gabriel, Aline e outros três amigos depois de ingerir bebida alcoólica, foi liberado após pagar uma fiança de R$ 5 mil. Ele estava detido no 78º DP, nos Jardins, e deixou a delegacia no mesmo dia. Paulo Cesar foi indiciado por lesão corporal culposa (sem intenção) e por dirigir embriagado.

Uma câmera de segurança gravou o momento do atropelamento. O vídeo mostra um Peugeot preto subindo a Rua Augusta em alta velocidade, derrapando e subindo sobre a calçada. O acidente aconteceu na altura da Rua Matias Aires, em frente a uma concessionária. O carro atropelou as vítimas e derrubou um poste de sinalização. É possível ver um clarão após a batida.

Segundo Noel Darves, advogado do motorista, seu cliente voltava de uma balada com amigos e o bafômetro constatou embriaguez. O defensor disse que o rapaz dirigia dentro do limite de velocidade da via e que acabou atropelando as pessoas depois de ter sido fechado por outro veículo. “Ele perdeu o controle do carro e está em estado de choque”. Paulo Cesar não fugiu do local do acidente.

Cientistas criam prótese de mão que confere sensação de tato a amputado

Matéria publicada por Ciência e Saúde – Portal GI (Mariana Lenharo) . 06/02/2014

Sensibilidade é importante para regular a força exercida pela prótese. Voluntário diz que ‘sentiu a mão’ pela primeira vez depois da amputação.


Voluntário Dennis Aabo Sørensen identifica as características do objeto que segura por meio de uma sensibilidade artificial (Foto: LifeHand 2/Patrizia Tocci)

Uma nova prótese de mão desenvolvida por um grupo de pesquisadores europeus foi capaz de conferir ao amputado uma sensação semelhante ao tato, permitindo que ele identificasse a forma e a consistência de objetos. A novidade foi considerada de grande importância, pois a sensibilidade ao toque é essencial para o controle dos movimentos e da força.

Podemos não perceber, mas a modulação da força que exercemos ao segurar um objeto depende das informações que inúmeros sensores presentes em nossas mãos enviam para o cérebro, informando se o objeto é macio, rígido, áspero ou pontudo. Sem ter essa sensibilidade, arriscaríamos empregar força demais, e amassar um copo de plástico, por exemplo, ou força de menos, e deixar um copo de vidro se espatifar no chão.

O equipamento, criado a partir de uma colaboração entre cientistas de instituições da Itália, Suíça, Alemanha, Inglaterra e Dinamarca, envia informações captadas por sensores instalados nas pontas dos dedos da prótese diretamente para os nervos periféricos do paciente.

“Pela primeira vez, conseguimos restabelecer a capacidade sensorial em tempo real em um amputado, enquanto ele controlava essa mão ‘sensorizada’”, diz o pesquisador Silvestro Micera, um dos líderes da pesquisa. O estudo foi publicado na revista “Science Translational Medicine”.

 

EXPERIMENTO
Os cientistas partiram de um modelo de prótese já existente no mercado, em que o paciente é capaz de controlar os movimentos da mão artificial por meio de estímulos elétricos emitidos a partir do esforço exercido pelos músculos remanescentes. Captados pela prótese, esses estímulos controlam os movimentos de abrir e fechar os dedos ou girar o punho.

Foram implantados eletrodos diretamente em dois nervos do paciente. Sensores instalados na mão artificial detectam o nível de força que ele exerce enquanto segura um objeto. Essa informação é decodificada por um software e enviada aos eletrodos em forma de sinais elétricos passíveis de serem interpretados pelos nervos. Dessa forma, o paciente é capaz de controlar sua força em tempo real para se adequar às características do objeto.

Para o médico Álvaro Baik Cho, do Grupo de Mão e Cirurgia Reconstrutiva do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o grande avanço dessa técnica é conseguir fazer uma interface direta da prótese com os nervos do paciente. “Dessa forma, cria-se uma sensibilidade artificial. É o que eu já vi de mais próximo a uma sensibilidade normal para o amputado, é realmente uma coisa muito inovadora”, diz.

O método foi testado em um único paciente: o dinamarquês Dennis Aabo Sørensen, que perdeu a mão esquerda há 9 anos em um acidente envolvendo fogos de artifício. Durante a realização de mais de 700 testes, ele mostrou-se capaz de sentir o formato dos objetos e sua consistência. “O feedback era totalmente novo para mim e, de repente, enquanto estava fazendo os movimentos, eu podia sentir o que eu estava fazendo, em vez de simplesmente olhar o que estava fazendo”, diz o paciente.

Para Cho, ainda deve demorar alguns anos até que essa nova ferramenta esteja disponível no mercado. Primeiro, o experimento deve ser repetido em um grupo maior de pacientes. Depois, deve haver um avanço tecnológico que permita que a ferramenta se torne portátil. O aparelho que decodifica os sinais captados pelos sensores ainda é grande e pesado.

 

TOQUE RUDIMENTAR
Uma tecnologia desenvolvida anteriormente já é capaz de fornecer ao amputado alguns sinais semelhantes ao tato, mas de maneira mais rudimentar. Trata-se da reinervação muscular orientada (TMR, na sigla em inglês). Cho explica que, por meio do reimplante dos nervos do membro amputado sobre os músculos do peito, é possível sentir uma resposta da pressão exercida pela prótese no peito. Porém, essa técnica não permite que o paciente tenha uma resposta de modulação da força em tempo real ao estímulo.


Sørensen é observado por equipe durante os testes da nova prótese (Foto: LifeHand 2/Patrizia Tocci)