O escafoide é o principal osso do carpo de um total de 8 ossos. Ele exerce um papel muito importante na biomecânica do punho, funcionando como um elo de conexão entre as fileiras proximal e distal dos ossos do carpo.
Por ser intensamente solicitado em todos os movimentos do punho, ele é o osso mais frequentemente fraturado nessa região. O mecanismo de trauma mais comum é uma hiperextensão abrupta e forçada do punho que ocorre quando caímos sobre o punho, ou após uma bolada mais forte durante uma defesa no futebol.
Diagnóstico
O diagnóstico nem sempre é realizado de imediato, pois o punho pode não inchar muito e o paciente ainda consegue manter uma mobilidade razoável do punho, principalmente após traumas esportivos de menor intensidade. Além disso, as radiografias simples podem não ser capazes de detectar a fratura do escafóide nas primeiras 2 a 4 semanas após o trauma. Portanto, na presença de dor na região do escafóide, após um trauma típico (hiperextensão forçada do punho), mesmo com radiografias inicialmente negativas, é recomendável a imobilização do punho com uma tala ou órtese para punho e polegar até obtenção de outros exames mais sensíveis. A Tomografia Computadorizada ou a Ressonância Magnética são considerados o padrão-ouro no diagnóstico precoce da fratura de escafóide.
Tratamento
Devido às peculiaridades do escafóide no que diz respeito a sua vascularização (retrógrada), seu formato e à cartilagem que envolve 80% de sua superfície, sua cicatrização ou consolidação após uma fratura é mais prolongada que em outros ossos. A incidência de não-união ou pseudoartrose também é mais alta quando comparada a outros ossos do corpo.
As fraturas sem desvio ou com desvio mínimo (< 1mm), podem ser tratadas conservadoramente com imobilização gessada ou órtese por 8 a 20 semanas. Essa imobilização poderá ser curta ou longa dependendo da localização da fratura do escafóide. No entanto, em pacientes muito ativos ou naqueles que não podem se submeter a um período prolongado de imobilização, a cirurgia é uma opção atraente.
Na maioria das fraturas agudas, sem desvio ou com desvio pequeno, a cirurgia é minimamente invasiva, através da fixação percutânea do escafóide com parafuso canulado. Esse procedimento é realizado com auxílio de um aparelho de radioscopia que mostra imagens de RX em tempo real, como num filme. Com ele é possível realizar a cirurgia com um corte < 1 cm e mínima agressão tecidual. A anestesia utilizada pode ser geral com máscara laríngea ou local e o procedimento dura cerca de 30 -45 minutos.
Pós-operatório
Após essa cirurgia, o paciente tem alta hospitalar no mesmo dia e permanece imobilizado com uma órtese removível por 2 a 4 semanas, iniciando sua reabilitação mais precocemente. Em geral, o paciente está apto a dirigir entre 6 a 8 semanas. O retorno aos esportes de contato/impacto é liberado apenas após confirmação da consolidação do escafóide o que pode levar de 3 a 6 meses, em média.